terça-feira, 29 de junho de 2010

Mudar Bragança

A crise financeira actual que se vive em todo o mundo devia-nos fazer pensar um pouco sobre o grau de sustentabilidade e futuro do nosso país.

Digamos que é necessário mudar a mentalidade portuguesa. O primeiro passo a dar para que isso possa acontecer, é pegar na funcionalidade dos nossos serviços públicos e repensar estrategicamente a sua estrutura, uma vez que, na minha opinião, o sistema público português, está todo ele enviesado e cheio de vícios, que se foram criando e arrastando ao longo do tempo e que infelizmente tornaram o nosso sistema público no que é. Quase que me atrevo a dizer que Portugal é um país de vícios que precocemente se irá transformar num devaneio ibérico peninsular…

Esta pequena introdução serve de mote para falar da realidade da nossa cidade e do nosso distrito.

Urbanisticamente temos de reconhecer que, ao longo destes últimos anos, Bragança sofreu transformações significativas, tornando-a uma cidade mais atractiva a nível cultural e arquitectónico. No entanto, temos que questionar a funcionalidade e sustentabilidade dessas transformações, ou seja, que mais-valias económicas trouxeram? Que sustentabilidade elas asseguram para o futuro?

E aqui questiono eu a visão estratégica dos nossos lideres…

E aqui eu questiono a mentalidade do nosso povo…

Mas pronto, somos pequeninos e continuamos a pensar pequenino…

Confesso, que muitas vezes, me sinto estrangeiro neste país e que não me revejo nesta mentalidade…

Bragança é um distrito que ainda precisa de crescer muito em termos de liderança e visão estratégica. Quando se faz algo deve-se pensar sempre no futuro e não no presente, ou seja, concordo plenamente que se façam obras de remodelação e embelezamento urbanístico, mas não só para agradar ao povo… É preciso apostar em obras sustentáveis a médio e longo prazo, e não a curto prazo, obras que criem ou atraiam riqueza, ou melhor, que sejam uma mais-valia económica para a região.

Economicamente somos um distrito pobre e muito dependente da empregabilidade dos serviços públicos.

O movimento que se vê na cidade é durante o ano lectivo, graças aos estudantes do politécnico, e, no verão, graças aos nossos emigrantes, porque se não fossem estes muitos bares, cafés e restaurantes, certamente, já tinham fechado, e Bragança seria uma cidade cada vez mais parada e sem vida.

Está claro que muita desta dependência tem a ver com o centralismo do litoral, mas vá lá que, depois de tantos anos, alguém teve a coragem de fazer justiça e tornar a auto-estrada entre Bragança e Vila Real uma realidade nordestina.

Sob o meu ponto de vista, esta auto-estrada irá abrir novos caminhos para a transformação económica do nosso distrito, no entanto, é preciso que haja uma visão estratégia e económica sobre as mais-valias que a mesma poderá proporcionar.

Uma estratégia a repensar, por exemplo, é o turismo nordestino. Temos tanta riqueza cultural e paisagística que está tão subaproveitada! Mas para isso é preciso começar a criar bases para o futuro, e as bases a criar estão na mudança de mentalidade de quem lidera, uma vez que não há uma ponte que faça a ligação entre os recursos existentes o empreendedorismo privado.

Esta ponte a que me refiro tem a ver com a existência de uma base de sirva de suporte e que proporcione uma junção entre o empreendedorismo, o marketing, a promoção e a dinamização empresarial. Por quer queiramos quer não, a publicidade, hoje em dia, é a grande arma do negócio. E se nos queremos dar a conhecer teremos que trabalhar nesse sentido, de forma a aproveitar as mais-valias culturais e paisagísticas de que o nosso distrito é portador.

A meu ver o turismo é um negócio a dinamizar no nosso distrito…

O nosso distrito precisa de combater a desertificação que tem sofrido ao longo dos tempos, mas para isso é necessário criar condições de fixação, e sobretudo para os jovens. Parte desse combate é possível, identificando oportunidades e criando condições de êxito para as mesmas, porque acredito que Trás-os-Montes pode tornar-se uma região de referência devido, tal como já referi anteriormente, ao seu enorme potencial cultural e paisagístico.

Talvez a regionalização seja uma mais-valia que se avizinha…

Espero e faço votos para que num futuro próximo, as nossas potencialidades se concretizem e tornem, não só numa mais-valia para o nosso distrito, mas também uma referência a nível nacional.

É preciso mudar… mudar Bragança…

Já agora, porque não pensaremos nisto?

Carlos Miguel

terça-feira, 8 de junho de 2010

A (Des)Organização do Costume

No passado dia 1 de Junho, como todos devem estar recordados, festejou-se o Dia da Criança.

Neste recanto no norte do país é costume juntar as crianças e festejar o dia à grande no recinto desportivo da cidade, com insufláveis e as mais diversas actividades. Coisa que, no entanto, este ano acabou por não acontecer.

Não que os ditos insufláveis não estivessem, mas a má organização, aliada à tentativa de poupar uns “trocos” em transporte, acabaram por se revelar um desastre.

Este ano, decidiu-se, então, levar a animação às escolas, ou melhor, aos Agrupamentos de Escolas, estabelecendo com eles horários. No entanto, a empresa responsável pela distribuição dos insufláveis não tinha sequer conhecimento desses horários estabelecidos entre a Autarquia e as escolas e, como tal, foi colocando os ditos cujos à medida que passava pelos recintos escolares.

Certo é que, com o tempo que demora a colocação e a preparação dos insufláveis, houve escolas - como a da Estacada - que estiveram desde as 9 horas da manhã até à hora de almoço à espera. Com estes contratempos, as crianças acabaram por voltar para a escola pior do que quando saíram, pois imaginem os miúdos quatro horas à espera da animação do seu dia para no fim resultar em… nada.

É, pois, lamentável ver o poder autárquico a menosprezar tanto os jovens. No entanto, quando falamos dos “ainda mais jovens” como são as crianças do Ensino Básico, é ainda mais cruel.

Mas creio que, se uma figura tão populista como calculista como é o Sr. Eng. Jorge Nunes, pensasse que as crianças pudessem votar, tal situação com certeza não se passaria.

Má gestão, má organização e má comunicação, é o que posso dizer. E política para juventude… nem vê-la!

Eduardo Fernandes